Sangiovese, a uva que dá origem a vinhos ícones da Itália

A Sangiovese, uma das uvas ícones da Itália, é encontrada em diversas regiões do país da bota: Toscana, Emilia-Romagna, Lazio, Marche, Puglia, Sicília, Umbria etc.

Tem uma importância tremenda dentro e fora do país, pois é a variedade responsável por alguns ícones, como Brunello di Montalcino, Vino Nobile di Montepulciano, Rosso di Montepulciano, Chianti, Chianti Classico, Morellino di Scansano e Montefalco Rosso. Excelentes motivos para você se aprofundar e conhecê-la melhor.

A Sangiovese não é uma uva de fácil cultivo. É mimada e exige muito cuidado no campo. Como a Pinot Noir, ela não se adapta à qualquer região, então são poucas as regiões fora da Itália que conseguem cultivá-la com maestria. 

Ela também recebe diversos nomes, dependendo da região. Na costa da Toscana, é conhecida como Morellino em Montalcino; como Brunello, Prugnolo ou Prugnolo Gentile em Montepulciano; Nielluccio na ilha de Córsega, na França, e Toustain, na Argélia. 

A Sangiovese foi mencionada pela primeira vez em 1590 pelo cardeal italiano Franceso Soderini, no tratado de cultivo de variedades de uvas. Na época, ela a chamou de Sangiogheto.

Nomes diferentes e associações com a mitologia

Registros da Comissão de Ampelografia de Siena (1875-76), que a chamava de Sangioveto, indicam que é uma das uvas mais espalhadas na região de Chianti e similar à Prugnolo em Montepulciano e Brunello di Montalcino. À época, a comissão se questionava se as variedades poderiam ser idênticas.

A existência de diferentes biotipos de Sangiovese só foi tema de mais estudos no final do século 19, início do século 20. Em 1906, G. Molon, em seu livro Ampelografia (Milão), escreveu que os tipos mais comuns da variedade eram a Sangioveto Grosso (também chamada de Sangioveto Dolce) e a Sangiovese Piccolo (também chamada de Sangioveto Forte).

O nome da variedade também é sinônimo de pluralidade. Uma das possibilidades etimológicas inclui uma referência mitológica em referência ao sangue de Júpiter (sanguis Jovis, sangue de Jove). Não é muita surpresa a associação de mitos e símbolos para nomear um vinho. 

Outra possibilidade é que monges em Santarcangelo di Romagna, aos pés do Monte Giove, em Rimini, escolheram o nome sanguis jovis. E, por fim, em 1996, T. Hohnerleien-Buchinger (Per un sublessico vitinicolo) chamou atenção para a brotação da variedade, que geralmente é uma das primeiras a entrar neste processo e associou o nome Sangiovese ao termo no dialeto “sangiovannina” que significa “uva precoce”.

Como é um vinho Sangiovese e como harmonizá-lo

Seja qual for a origem, vamos ao que interessa. O que um apaixonado por Sangiovese precisa saber desta variedade?

Um vinho elaborado a partir desta casta, quando bem feito, pode ser uma das melhores experiências que você vai ter. 

Na maioria das vezes, produz vinhos tintos de corpo médio, com estrutura tânica que vai da média à forte. Super versátil, produz espumante, rosé, tintos leves a encorpados e, inclusive, vinho de sobremesa.

São características da variedade acidez elevada, taninos firmes e equilibrados, final de boca elegante e persistente. Os sabores e aromas mais facilmente encontrados são cerejas, ameixas e morangos, com um leve toque de ervas, como sálvia, alecrim e manjericão.

Em nosso portfólio, temos o Pieno, um vinho tinto elaborado a partir de 70% Sangiovese e 30% Montepulciano d´Abruzzo, uma ótima pedida para harmonizar com as sugestões a seguir.  

A Sangiovese gosta de pratos com toque de acidez e boa dose de gordura. Experimente harmonizar com pizzas, massas à base de molho de tomate, ragú com polenta, carré de cordeiro, carne de cabrito e risotos com linguiça.

Por Joana Barros, sommelière, gerente de Vendas e Marketing