Numa área tradicionalmente ocupada por homens como o universo dos vinhos, muitas mulheres desafiaram e continuam desafiando as convenções sociais para fazer história e marcar lugar no mundo e, acima de tudo, contribuir com ele.
São mulheres lá do passado e cada vez mais de hoje também. Estão em toda a cadeia produtiva e mercadológica, imprimindo pioneirismo, inteligência e um jeito único de fazer as coisas acontecerem.
São brasileiras, latinas, européias, africanas, asiáticas e de outras tantas partes do mundo. Conheça algumas delas e inspire-se.
Brasileiras que fazem a diferença
Joana Barros: trajetória que ajuda a alavancar o cenário nacional
Formada em Hotelaria e Turismo, Joana Barros tem uma carreira múltipla e diversificada no mundo do vinho, com vivências e experiências internacionais que contribuem para melhorar o cenário nacional. Ela se apaixonou por este universo nas aulas de enologia e vinificação que teve ainda na faculdade. E o sentimento foi tão grande que ela decidiu alimentar a paixão no Instituto Americano de Culinária, na Califórnia, onde fez o primeiro curso de vinhos. De lá, embarcou literalmente em uma aventura e passou a trabalhar como sommelière em uma companhia americana de cruzeiros.
Os cinco anos a bordo lhe permitiram conhecer vinícolas nas principais regiões produtoras de vinhos do mundo.
No Brasil, trabalhou com chefs de cozinha célebres, como Alex Atala e Bel Coelho, e foi agraciada pela Revista Prazeres da Mesa como Melhor Sommelière do Brasil, com mais duas indicações pela revista Veja São Paulo.
Com MBA em Logística e em Marketing Digital, foi co-fundadora do e-commerce de vinhos Sonoma, gerente de e-commerce da Importadora de Vinhos Grand Cru, Wine Hunter na Evino, Chef Sommelière na Importadora de Vinhos World Wine e agora integra nossa equipe na Vinícola Thera, onde emprega todo o seu profissionalismo, pró-atividade e paixão pelos vinhos gerenciando as áreas Comercial e Marketing. Também empresta seu conhecimento, simpatia e alegria nas lives e vídeos que fazemos nas redes sociais.
>> As francesas que fizeram história no mundo dos champanhes e vinhos
keli Bergamo, uma advogada em defesa dos vinhos
Advogada em Londrina, Keli Bergamo não legisla em causa própria. Nas suas defesas está sempre o vinho, em especial o brasileiro. Uma das principais educadoras da área nos dias de hoje, ela compartilha em aulas, cursos, blogs e afins todo o seu conhecimento de forma leve, com excelentes analogias e comparações e, acima de tudo, com muito conhecimento de causa.
O prazer de degustar e ouvir histórias sobre vinhos e a curiosidade sobre este universo foi o que a levou de admiradora à profissional da área. Em 2006 entrou para uma confraria exclusiva para mulheres, da qual se tornou presidente. A partir daí, fundou e palestrou para novos grupos e passou a ser requisitada para palestras, degustações e a prestar consultoria no mercado local. Com sede de aprendizado, decidiu ter uma formação mais técnica na área. Fez cursos como Wine & Spirits Education Trust (WSET) – Nível 3, The French Wine Scholar – especializado na produção francesa, e cursou a Academia dos Vinhos de Portugal, tornando-se Embaixadora dos Vinhos de Portugal Nível Intermediário, e por último, tornou-se Certified Port Educator, sendo uma das poucas profissionais do mundo autorizadas pelo IVDP a ministrar cursos oficiais sobre os Vinhos do Porto, entre outras formações.
Com a necessidade de compartilhar o aprendizado, desde 2016 leciona Enogastronomia na Menu Escola de Gastronomia e em 2017 foi aprovada como educadora na escola internacional Wine & Spirits Education Trust (WSET), ministrando aulas por todo Brasil.
Com um livro publicado como co-autora pela Universidade Federal de Goiás, também escreve no próprio blog, para sites de lifestyle e integra a Federação Internacional de Jornalistas e Escritores de Vinho e Espirituosos (FIJEV), que tem como membros os principais jornalistas e escritores do mundo etílico.
Silvana Aluá e o esforço de fazer o vinho ser uma bebida de todos
Uma eterna estudante de vinho, como se autodefine, Silvana Aluá é sommelière e está à frente da Confraria das Pretas, um projeto pioneiro no Brasil que nasceu em 2017 para posicionar pretos e pretas no mercado dos vinhos.
Como conta no site do projeto, ela criou a Confraria das Pretas a partir da necessidade da própria comunidade:
“Conversando com as pessoas, percebeu-se que pretas e pretos também tinham interesse em conhecer o universo de vinhos mas o mercado as discriminava.”
Essa discriminação era perceptível em lojas e restaurantes, onde “os profissionais não procuravam dar explicações sobre o vinho, causando intimidação aos clientes”.
A partir deste cenário, surgiu a ideia de criar um grupo que se reunisse mensalmente a fim de confraternizar aos sabores do vinho e trocar conhecimentos.
O projeto conquistou respeito, virou notícia e ganhou espaço em veículos de comunicação importantes como a Folha de São Paulo e a Rede Globo, através do programa É de Casa.
A Confraria das Pretas nasceu com 15 integrantes. Mas com a pandemia, o número de participantes dos encontros online aumentou consideravelmente, inclusive de fora do Brasil, totalizando cerca de 100 pessoas. No entanto, o número varia a cada encontro.
A ideia do grupo é manter as trocas online e, após a vacinação contra a Covid, promover encontros presenciais, o Rolê do Vinho, para a população negra em bares e vinícolas.
O vinho é sempre notícia com Suzana Barelli
Um dos nomes mais fortes e respeitados quando o assunto é jornalismo especializado em vinhos no Brasil, Suzana Barelli (Foto: Gladstone Campos) tem um carreira sólida na área.
Com atuação nos veículos de comunicação mais importantes do país, escreveu sobre vinho para leitores do Caderno de Economia da Folha de São Paulo, para o Jornal Valor Econômico, para a revista Prazeres da Mesa, da qual foi Redatora-Chefe, para a revista Menu, a qual reformulou e transformou em líder no seguimento de Enogastronomia, e hoje é colunista de vinhos do Paladar, caderno do Jornal O Estado de S. Paulo, e do site NeoFeed.
Quando começou a escrever sobre o assunto, ela conta, não tinha domínio do tema e preferia outras bebidas, mas ao entrevistar enólogos e começar a provar vinhos, um novo universo se abriu. Fez cursos, viajou para conhecer vinícolas e então transformou o que ainda era hobby em profissão.
“Nesta época, início dos anos 2000, quase não havia mulheres neste mundo. Não raro eu era a única mulher nas degustações, realidade que está mudando.”
Além de escrever sobre o assunto, Suzana participa de confrarias em Portugal, e na França.
Nas notícias que publica e mesmo em seu perfil no Instagram, apresenta temas relevantes, mas de forma clara, cumprindo com um dos objetivos do Jornalismo de entregar informação de qualidade, porém acessível.
Regina Vanderlinde: do meio acadêmico à presidência da OIV
Com mais de 30 anos na área de Enologia, Regina Vanderlinde é a atual presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a mais importante instituição mundial do vinho, com sede em Paris, onde também já atuou como delegada do Brasil e Secretária Científica da Subcomissão de Métodos de Análises.
Formada em Farmácia Bioquímica – Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina, é Mestre e Doutora em Enologia pela Universidade de Bordeaux (França) e professora do programa de Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul, onde atua há 23 anos.
Também foi criadora do Laboratório de Referência Enológica da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, que dirigiu por 17 anos através do seu trabalho no Instituto Brasileiro do Vinho.
Grande referência no meio acadêmico, tem mais de 50 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais.
Durante sua carreira, gerou grandes contribuições para o avanço da vitivinicultura mundial, tendo coordenado inúmeros Projetos de Pesquisas em Vinhos.
Tem também uma empresa de assessoria e comércio de vinhos e é degustadora em concursos internacionais de vinhos e bebidas espirituosas.
É formada ainda pela Wine & Spirit Education Trust (nível 3) e como Sommelier Internacional pela Fisar/UCS.
Una hermana de muito talento e pioneirismo
Considerada pela revista Adega como a primeira-dama do vinho argentino, Susana Balbo graduou-se em Enologia como melhor da turma, tornando-se a primeira enóloga argentina.
Citada diversas vezes pela revista The Drink Bussiness, em 2018 entrou para a lista das 10 mulheres mais influentes no mundo do vinho.
Ao longo de mais de 30 anos, trabalhou e prestou consultoria para inúmeras vinícolas no próprio país e exterior e foi presidente por três mandatos da entidade Vinhos da Argentina. Seu legado também inclui a criação da própria vinícola e de uma marca de vinhos com seu nome. Um projeto vertiginoso, pautado por tecnologia e infraestrutura, a marca Susana Balbo Wines está presente em diversos mercados e é uma das mais prestigiadas da Argentina.
Do Velho Mundo, a crítica de vinhos mais renomada
Jornalista e primeira mulher a conquistar o título de Master of Wine, Jancis Robinson é a crítica de vinhos mais respeitada na atualidade. A britânica tem inúmeros livros publicados, dos básicos direcionados a iniciantes no mundo dos vinhos, a publicações aprofundadas e que norteiam muita pesquisa na área.
Tem uma coluna semanal no respeitado Financial Times, onde pauta reflexões sobre o universo do vinho, e escreve diariamente para o próprio site, onde é possível encontrar as mais variadas informações a respeito de vinho, com dicas, avaliações, espaços de aprendizado. É ainda consultora dos vinhos da Rainha Elizabeth II.
Fotos: Divulgação e reprodução da internet
Por Cleisi Soares, jornalista, WSET 1 e 2
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